O Reino Que Não Era Deste Mundo (Marcos Costa) | Resenha
O livro O Reino Que Não Era Deste Mundo: Crônica de Uma República Não Proclamada foi publicado em 2015 pela editora Valentina, a obra de não ficção foi escrita por Marcos Costa e minha leitura foi feita na versão de Kindle. O autor Marcos Costa pensou em ser arquiteto, mas logo desistiu e foi fazer História na UNESP – campus de Assis. Tornou-se Mestre e Doutor em História Social também pela UNESP. Historiador, professor universitário, pesquisador e escritor. Autor de inúmeros artigos publicados em revistas acadêmicas e dos livros; O Livro Obscuro do Descobrimento do Brasil, A História do Brasil Para Quem Tem Pressa e O homem Que Não Quis Ser Imortal.
No livro podemos encontrar as maiores figuras históricas do período do Brasil Império, passando pela independência, com Pedro I, até os dias caóticos da “proclamação” da república. Marcos Costa conta os bastidores de uma disputa pelo poder que começa em 1831 e envolve nada mais, nada menos que alguns dos principais personagens da nossa história. De um lado, os monarquistas, os novos-ricos, D. Pedro I, Duque de Caxias, Barão de Mauá, D. Pedro II, Princesa Isabel, Conde D’Eu; do outro, é claro, os republicanos, os escravocratas, os cafeicultores, Barão de Cotegipe, Benjamin Constant, Quintino Bocaiúva, Floriano Peixoto.
É um livro excelente para entender como foi o período do império brasileiro, como foi toda a trama que se passou para Dom Pedro II conseguir segurar as pontas junto com seu fiel amigo Caxias e deixar o caminho aberto para um possível terceiro reinado com a Princesa Isabel. O nome do livro surge após uma conversa de Pedro II e o ministro Saraiva, no qual o imperador pergunta por que não poderia existir um terceiro reinado com a Princesa Isabel e ele responde: “Porque o seu reino não é deste mundo”.
Pedro I, José Bonifácio, Pedro II, Princesa Isabel e muitos outros tinham a convicção de que a escravidão deveria ser extinta. A escravidão é consequência dos mais de 300 anos de colônia e foi uma luta enorme para ter um fim no período do Brasil Império. Os donos de terra eram a elite da época e estavam a todo custo a favor da mão de obra escrava, ter o fim da escravidão e ter seus funcionários assalariados era o que nenhum escravocrata queria. Aliás, o Barão de Mauá era outro a frente de seu tempo, seus funcionários eram todos assalariados e ele se tornou o homem mais rico do Brasil Império e isso também preocupou bastante os escravocratas.
Leia também: As Barbas do Imperador (Spacca e Lilia Moritz Schwarcz) | Resenha
Todo o ideal Republicano naquela altura surge com o apoio dos fazendeiros em um enfrentamento direto a esse ideal monárquico que estava crescendo no país e que já estava a muito tempo na corte brasileira. O que ocorreu em 1889 não foi uma proclamação, foi um golpe e neste livro o autor deixa muito claro isso com diversos detalhes, com uma linha do tempo que deixa o leitor atento a cada detalhe do caos que ocorreu na cidade do Rio de Janeiro em 1889. Caos no sentido de um erro fatal à moralidade do país, porque não houve nenhuma revolta armada pois foi tudo feito na surdina, sem a população está ciente de nada. Na história do Brasil ocorreu algo que não aconteceu em nenhum lugar, em 1889 ocorreu uma revolução não para ocorrer mudanças, mas para manter os ideais escravistas, ou seja, uma revolução não progressista, mas uma “revolução conservadora”, irônico, não?
No livro o autor deixa claro toda a trajetória do governo na luta com a escravidão, o alinhamento para o terceiro reinado e mostra outros principais momentos do período, mas acredito que faltou apenas dá uma ênfase na explicação da ação do imperador no momento do golpe, mas a leitura do livro é simples e sem muita enrolação.
“E o povo… o povo, como sempre, está à mercê de sua própria sorte, sua péssima sorte.” – Marcos Costa
TÍTULO: O REINO QUE NÃO ERA DESTE MUNDO: CRÔNICA DE UMA REPÚBLICA NÃO PROCLAMADA
AUTOR: MARCOS COSTA
EDITORA: VALENTINA
ANO: 2015
PÁGINAS: 290
Ouça na versão de Podcast
Gostou da resenha? Deixe o seu comentário e me siga nas redes sociais!
Comentários
Postar um comentário